sábado, novembro 19, 2005

Sophia de Mello Breyner Andersen

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.


A TAP homenageou Sophia de Meloo Breyer Andersen baptizando um avião com o nome da poetisa. Na cerimónia, o filho, Miguel Sousa Tavares, considerou que aquela era uma forma bonita de homenagear a mãe que, tal como ele, sempre teve medo de andar de avião, mas tem fascínio pelos pássaros de ferro.
Que giro, pensei. Também eu não gosto de andar de avião, incomoda-me ir ali e por isso a minha altura favorita das viagens é a aterragem, aquele momento em que o trem toca no chão. Uma mania completamente incoerente, já que as descolagens e aterragens são os momentos mais perigosos, lembra-me a minha irmã. Sim, miss HiFly, eu sei, mas os medos desafiam todas as leis da probabilidade e da razão.
E no entanto, sou fascinada por aviões e adoro vê-los a sobrevoar Lisboa, quando se preparam para aterrar. "Olha, vai tão baixinho, quase que tocava naquele prédio", digo, e oiço sempre o Hugo a ripostar: "Claro que não, ele passou muito longe".
Há dias fui entrevistar uma especialista do LNEC, ali na Avenida do Brasil, que tem um escritório com uma janela enorme virada para as traseiras, como um camarote especial sobre o movimento do aeroporto. Eu nunca poderia trabalhar ali, porque passaria o tempo de cabeça apoiada na mão, a sonhar com os aviões. Literalmente a vê-los passar.
Por isso, senhor primeiro-ministro, peço-lhe que não me leve o aeroporto embora. Como é que eu sonho depois?
JH.

1 comentário:

Mafi disse...

É incrível como ao fim de tanto tempo os aviões continuam a fascinar... mas se calhar é porque nos levam sempre aonde o nosso sonho quer ir!